terça-feira, 11 de junho de 2024

Drogas estão cada vez mais fortes e puras na Europa, afirma relatório

A maior parte da heroína consumida na Europa procede do Afeganistão

Foto: Arquivo/Agência Brasil

O mercado das drogas nunca esteve tão forte na Europa, com substâncias sintéticas de alto teor, misturas inéditas e o policonsumo, alertou o Observatório Europeu das Drogas e da Toxicodependência (OEDT) em seu relatório anual.

Na Europa, há um "mercado de drogas extremamente complexo e em rápida evolução, onde as drogas ilícitas estabelecidas são acessíveis em grande medida e no qual continuam emergindo novas substâncias sintéticas de alto teor", afirmou o diretor do Observatório, Alexis Goosdeel.


Como a cada ano, o relatório também analisa novas substâncias psicoativas (NSP). Em 2023, foram registradas 26 novas drogas no continente pela primeira vez, o que eleva o número total de substâncias psicoativas listadas pelo OEDT para mais de 950.


O relatório observa que os consumidores estão expostos a "um leque mais amplo de substâncias psicoativas, que são frequentemente mais potentes ou mais puras, ou aparecem sob novas formas, em novas misturas ou novas combinações".


Ao mesmo tempo, o policonsumo (tomar de forma simultânea ou sucessiva duas ou mais substâncias psicoativas) é algo habitual na Europa. Os coquetéis mais frequentes são os benzodiazepínicos com opioides e combinar cocaína e álcool.



A maior parte da heroína consumida na Europa procede do Afeganistão, mas pode se tornar escassa em breve porque o governo Talibã proibiu o cultivo de papoula em abril de 2022. Agora, as autoridades temem que o eventual vácuo que esta droga pode deixar seja preenchido pelos opioides ou drogas sintéticas de alto teor.


O OEDT alerta para a ameaça representada pelos nitazenos, que são 500 vezes mais potentes que a morfina.


"Em 2023, os nitazenos foram associados a um forte aumento do número de mortes na Estônia e Letônia, e a focos de intoxicação na França e na Irlanda", destaca o relatório.


Cocaína

Pelo sexto ano consecutivo, a cocaína produzida na América do Sul chegou em grandes quantidades ao continente europeu, escondida em contêineres marítimos. Em 2022, as autoridades apreenderam 326 toneladas da substância, mais que as 301 toneladas confiscadas um ano antes.



Os dados recentes mostram que no ano passado foram interceptadas 116 toneladas somente no porto da Antuérpia (Bélgica), embora a droga também entre no continente por outros portos mais modestos (e, portanto, mais vulneráveis ao narcotráfico), localizados na Suécia e na Noruega, onde foram registradas apreensões recorde.


Segundo as autoridades, as forças de segurança confiscam apenas uma pequena fracção de toda a cocaína importada para a Europa.


O relatório alerta ainda para a presença de unidades de produção de cocaína em território europeu, onde 39 laboratórios foram desmantelados em 2022, cinco a mais que em 2021.


A cocaína é o estimulante ilícito mais popular na Europa, onde no ano passado foi consumida por quatro milhões de pessoas com idades entre 15 e 64 anos.



A sua ampla disponibilidade na Europa tem um impacto cada vez mais negativo na saúde pública: a cocaína foi associado a quase 20% das mortes por overdose registradas em 2022, muitas vezes combinada com outras substâncias.


"É a segunda droga ilícita mais mencionada tanto pelas pessoas internadas para tratamento pela primeira vez (29 mil em 2022) como pelas pessoas que comparecem aos serviços de emergência nos hospitais", alerta o OEDT.


Não existe tratamento de substituição para a cocaína.


Com grande vantagem, a maconha continua sendo a droga mais popular na Europa, onde mais de 22,8 milhões de adultos a consumiram em 2023, dos quais 15,1 milhões tinham entre 15 e 34 anos.



O observatório reiterou sua preocupação com o impacto que os derivados sintéticos da cannabis para a saúde pública, como o hexahidrocanabinol (HHC), o primeiro canabinoide semi-sintético identificado na UE.


Em março de 2024, o HHC foi incluído na lista de substâncias regulamentadas em pelo menos 18 Estados-membros da UE. 


Por AFP

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