Pesquisa do IBGE divulgada no Dia Internacional da Mulher, destrincha desigualdade de gênero no país
Valter Cirillo/Pixabay |
Aproveitando o Dia Internacional da Mulher nesta sexta-feira (8), o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou dados que esmiúçam a desigualdade de gênero no Brasil. O estudo Estatísticas do Gênero, realizado em 2022, revelou que a mulher pernambucana gastou, em média, 24 horas semanais em trabalhos domésticos, que incluem afazeres da casa e cuidado de pessoas, enquanto homens dedicaram apenas metade desse tempo.
No comparativo das regiões, as nordestinas são quem mais investem tempo na realização dos afazeres domésticos - uma média de 23.5 horas, liderando também o ranking de desigualdade de gênero no país. No cenário nacional, os dados não são tão diferentes - as mulheres gastam uma média de 21.3 horas semanais nas atividades de casa, enquanto homens passam apenas 11.7 horas semanais cumprindo as mesmas funções.
Ainda segundo a pesquisa, as brasileiras enquadradas nos 20% com menor rendimento no mercado de trabalho gastavam 7.3 horas a mais nos trabalhos domésticos não remunerados comparado às mulheres que apresentaram melhor rendimento. A explicação da diferença se volta para a renda, visto que melhores condições financeiras podem custear a contratação de trabalho doméstico remunerado - setor com 91.3% de ocupação feminina.
Mulheres trabalham mais que os homens
Os dados do IBGE revelam que a participação feminina no mercado de trabalho voltou a crescer em 2022, após breve queda percentual em 2020 consequente da pandemia. Hoje, 53.3% das mulheres a partir dos 15 anos se declara empregada ou à procura de emprego - revelando uma disparidade de 19.8 pontos comparado aos homens, que possuem 73.2%.
Através da pesquisa, é possível notar que a média de horas dedicadas ao trabalho doméstico sofre poucas variações considerando apenas os homens ocupados no trabalho remunerado, mas diminui em três horas para as mulheres presentes no mercado de trabalho - ou seja, as brasileiras trabalham mais horas por semana (54.4%) do que os homens (52.1%) somando a jornada dupla.
A necessidade de conciliar a participação no mercado de trabalho com as atividades de casa não remuneradas leva algumas mulheres a decidir por jornadas em tempo parcial - aquelas de até 30 horas semanais. Essa foi decisão tomada por 28% das brasileiras em 2022, novamente quase o dobro dos homens (14.4%) na mesma posição.
A região Nordeste aparece mais uma vez com destaque, possuindo a segunda maior presença feminina no tempo parcial (36.5%), ficando atrás apenas da região Norte, cujo 36.9% das mulheres declararam realizar a jornada parcial de trabalho remunerado.
Informalidade e desocupação
O estudo do IBGE também mostra que a porcentagem de mulheres na informalidade é um pouco maior que a dos homens, com respectivamente 39.6% e 37.3%. O número pode ser explicado pela quantidade de brasileiras cadastradas como microempreendedores individuais (MEI), que apesar de legal, não é considerada formal pela ausência de carteira assinada.
A pesquisa Estatísticas dos Cadastros de MEI, realizada em 2021 pelo IBGE, revela que as mulheres representam 46.7% das inscrições da modalidade desde 2019, e são maioria entre os profissionais cadastrados com ensino superior. Segundo os dados, as atividades econômicas realizadas pelas mulheres refletem papéis tradicionais de gênero, como beleza, vestuário e alimentação.
As mulheres brasileiras também são maioria nos índices de desocupação - 11% se declararam desocupadas, comparado a 7.9% dos homens.
Por: Guilherme Anjos
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