sábado, 13 de agosto de 2022

Taxa de desemprego recua para 9,3% com avanço do setor de serviços

Foto: Correio Brasiliense

A reabertura da economia tem ajudado na retomada do setor de serviços — o que mais contrata —, e na queda do desemprego neste ano. Conforme a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad) Contínua Trimestral, a taxa de desocupação nacional recuou 1,8 ponto percentual nos três meses encerrados em junho, na comparação com o primeiro trimestre, passando de 11,1% para 9,3% — o menor patamar para o período desde junho de 2015, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O levantamento mostra que o número de desempregados encolheu 15,6% em relação ao primeiro trimestre, somando 10,1 milhões de pessoas. Isso representa 1,9 milhão de pessoas a menos em busca por uma vaga. Já o número de trabalhadores ocupados na informalidade passou de 38,2 milhões para 39,3 milhões — aumento de 2,8% na mesma base de comparação.


O rendimento médio dos trabalhadores, de R$ 2.652, ficou estável na comparação com o primeiro trimestre, mas, no acumulado do ano, houve queda de 5,1%. Os dados mostram que o rendimento médio das mulheres equivale a 78,6% do salário dos homens, e que os trabalhadores de cor preta recebem 59% do rendimento dos ocupados de cor branca.


Estados

Conforme a Pnad, na passagem do primeiro para o segundo trimestre, a taxa de desemprego caiu em 22 estados. Cinco entes federativos registraram estabilidade: Distrito Federal, Amapá, Ceará, Mato Grosso e Rondônia.


O Nordeste foi a região com maior taxa média de desemprego, de 12,7%, e a Bahia ficou na liderança do ranking nacional, com 15,5%, seguida por Pernambuco (13,6%). As menores taxas de desocupação foram registradas em Santa Catarina (3,9%), Mato Grosso (4,4%) e Mato Grosso do Sul (5,2%).


O contingente de pessoas ocupadas cresceu 3,1% na comparação com o primeiro trimestre do ano, para 98,3 milhões — recorde da série histórica da Pnad, iniciada em 2012. A queda no desemprego e o aumento do número de pessoas ocupadas são um alento para o mercado de trabalho, de acordo com analistas.


Segundo eles, daqui para a frente, será difícil uma queda mais forte na taxa de desocupação, porque as perspectivas para a atividade econômica são de desaceleração, em grande parte, devido ao impacto da política monetária a partir de agora.


Quando a economia não cresce, dificilmente o empregador volta a contratar. Por isso, analistas avaliam que será desafiador para o ministro da Economia, Paulo Guedes, conseguir entregar a previsão, feita recentemente, de que o desemprego chegará a 8% no fim deste ano.


Para o economista Juan Jensen, sócio da 4Intelligence, é "pouco provável" que a taxa de desemprego encerre o ano em 8%, porque o ritmo de criação de vagas deverá desacelerar. "O emprego aumentou no ritmo da recomposição do mercado de trabalho com a retomada da mobilidade urbana. Mas, olhando para frente, o emprego vai crescer menos, porque o efeito da mobilidade se esgotou e está quase igual ao nível pré-pandemia", alertou.

 


Jensen lembrou que a atividade econômica já dá sinais de desaceleração, com a queda nas vendas do varejo e da produção da indústria em junho, como reflexo do impacto da alta dos juros. "Além dos efeitos da política monetária, há outros fatores para essa desaceleração: a queda na renda e a mudança do mix de consumo devido à retomada dos serviços, que compete com o consumo de bens", explicou.


A economista Alessandra Ribeiro, sócia da Tendências Consultoria, considerou a queda do desemprego bastante positiva, mas alertou que, infelizmente, não é sustentável, porque a atividade econômica não deve deslanchar no segundo semestre e, muito menos em 2023, quando as perspectivas não são muito animadoras para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB). Pelas projeções da Tendências, o desemprego tende a ficar estável no terceiro trimestre e, na média, deverá passar de 9,7%, neste ano, para 9,6%, no ano que vem.


"Pelas nossas projeções, a população de ocupados deverá crescer, mas em ritmo menor. O fato é que há sinais de perda de dinamismo na atividade, que tende a ficar mais fraca no ano que vem. Por isso, apostar em um aumento muito forte na ocupação, para que a taxa de desemprego chegue a 8%, me parece pouco provável", afirmou Alessandra Ribeiro.


Obstáculos

 

Geilza Rodrigues, de 47 anos, moradora de Santa Maria e desempregada há quase dois anos, continua encontrando obstáculos para conseguir voltar para a formalidade. "Gosto da carteira assinada, porque é mais seguro. A pessoa tem seus direitos garantidos. O problema é que, agora, até para trabalhar de doméstica querem gente nova, então, é mais difícil para mim", disse.




Por: Correio Braziliense

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