Torre e microfone da TV Tribuna, afiliada da Band em Pernambuco (Montagem/Reprodução/Instagram)
TV Tribuna é denunciada por atraso nos pagamentos e péssimas condições de trabalho. Afiliada da Band em Pernambuco, a TV Tribuna passa por sua pior crise em 30 anos. Funcionários do departamento de jornalismo não recebem salários desde fevereiro e enfrentam dificuldades para sustentar suas famílias.
“O fato é que os funcionários estão passando fome. Essa é a realidade. Não é um problema só para quem está trabalhando. Alguns companheiros de outras emissoras estão tentando montar uma campanha para arrecadar alimentos aos amigos da Tribuna”, revela à coluna Severino Pereira Leite Júnior, presidente do Sinjope (Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Pernambuco).
Aproximadamente 30 funcionários não recebem salários integrais desde fevereiro. Outros encargos trabalhistas, como recolhimento de FGTS e pagamento de INSS, também estão sendo descumpridos. Quem saiu de férias só recebeu a quantia referente ao período um mês depois de retornar ao trabalho.
A coluna apurou que, em fevereiro, último mês em que houve algum pagamento, a Tribuna depositou aos colaboradores R$ 1.500, divididos em três parcelas de R$ 500, o que corresponde a menos da metade do salário líquido dos jornalistas. Incomodados, eles pediram explicações à direção, porém sequer foram ouvidos, como afirma à coluna uma das funcionárias atingidas pela crise financeira da afiliada da Band.
“Nossos chefes estão sem falar com a gente, deixando de seguir em rede social, levando a coisa para o lado pessoal e para a mágoa. São três meses sem salário, com R$ 500 pingando a cada 15 dias. É bem frustrante. Trabalhamos normalmente. Ninguém parou. As contas atrasam e o nosso psicológico está muito afetado”, desabafa.
Duas assembleias virtuais foram realizadas entre representantes do sindicato e profissionais descontentes com o atraso salarial. A terceira ocorrerá na primeira semana de maio. “Há uma tendência e um pedido de grande parte dessas pessoas insatisfeitas para que organizemos uma paralisação. Se no quinto dia útil não houver nenhuma resposta, marcaremos para o dia seguinte”, antecipa a empregada do canal.
A TV Tribuna, braço midiático do Grupo João Santos, foi fundada em novembro de 1991, inicialmente como afiliada da Band. Entre 1998 e 2012, passou a retransmitir a Record. Na sequência, voltou ao Grupo Bandeirantes. O Sinjope comunicou a matriz paulista sobre a grave crise financeira de seu braço pernambucano e encaminhou a denúncia à Fenaj (Federação Nacional dos Jornalistas). As duas entidades assinaram uma nota conjunta contra a emissora e em defesa dos funcionários atingidos pelos atrasos salariais (leia a publicação no Instagram ao final desta reportagem).
“Historicamente, a Tribuna era uma empresa que pagava bem e em dia seus funcionários, não tem histórico de ‘passaralhos’ [demissões em massa]. De fato, o ajuste financeiro das outras empresas do grupo acabou provocando essa situação ruim. Nos últimos cinco anos, degringolou para uma situação incontrolável. Quem paga por isso são os funcionários, que continuam produzindo como qualquer empregado que recebe seu salário em dia”, analisa o líder sindical.
A coluna entrou em contato com a TV Tribuna, mas não obteve retorno até a conclusão desta reportagem. O texto será atualizado assim que a emissora se posicionar. Procurada, a Band não comenta assuntos administrativos de suas afiliadas.
Informações do Observatório da TV
JORNALISTAS DA REDE TRIBUNA DE TELEVISÃO ENFRENTAM DIFICULDADES POR CONTA DE ATRASO SALARIAL
O direito ao salário em dia não é um favor que se faz ao empregado, mas a remuneração, nem sempre justa, pelo tempo, disposição e suor empregados no negócio do patrão. O trabalhador é quem faz a empresa funcionar em qualquer situação. No caso do jornalismo, não há notícia sem uma equipe de profissionais.
A forma como a REDE TRIBUNA DE TELEVISÃO, ligada ao Grupo Nassau em Pernambuco, vem tratando seus trabalhadores, é alarmante e precisa ser denunciada amplamente junto à sociedade civil organizada e aos poderes LEGISLATIVO, JUDICIÁRIO E EXECUTIVO, bem como ao mercado publicitário.
Embora existam dificuldades relacionadas à gestão da empresa, entendemos que não pode haver falta de iniciativas e boa vontade em procurar soluções. “Empurrar o problema com a barriga” ao longo dos meses, como vem ocorrendo, não é sinal de quem busca solução efetiva para a classe trabalhadora.
Atualmente, a categoria acumula vários meses de salário em aberto. Esta é uma prática abusiva que vem se estabelecendo desde 2020 por parte da empresa, negligenciando seu dever básico trabalhista, inclusive em relação ao não pagamento da contribuição previdenciária do INSS e não recolhimento dos valores do FGTS.
Aos jornalistas que somente detém sua força de trabalho e mantém a programação local da TV e do Rádio ativa restam dívidas, desespero, noites sem dormir, vergonha, humilhação, indignidade. Muitos enfrentam doenças na família e alguns chegaram até mesmo a contrair o novo coronavírus, a COVID-19, em virtude da exposição diária para o cumprimento de pautas jornalísticas.
Como constante sinal de desrespeito, a TV TRIBUNA também descumpre protocolos básicos de segurança sanitária dentro da própria empresa, com banheiros e corredores insalubres, além da infraestrutura interna comprometida.
O silêncio, a omissão e a inércia ferem a nossa dignidade. Iremos à Justiça do Trabalho em busca de reparação dos direitos dos jornalistas da REDE TRIBUNA DE TELEVISÃO DE PERNAMBUCO.
Exigimos mais respeito, valorização do ser humano e dignidade do trabalho jornalístico.
SINJOPE/
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