Foto: Hélia Scheppa/SEI |
Enquanto os índices de adesão ao isolamento social apresentam queda nos últimos dias em Pernambuco, o número de pessoas com sintomas da Covid-19 e precisando de internamento cresce em velocidade alarmante, sobretudo no Recife, epicentro da doença no Estado, e na região metropolitana (RMR).
Diante do cenário, os prognósticos prevêem dias duros já na primeira quinzena de maio. Isso porque o ritmo do espalhamento do novo coronavírus está mais acentuado do que se esperava quando foram decretadas as medidas de isolamento social. Sendo assim, a previsão é que Pernambuco tenha um pico de curva epidêmica íngreme.
Na prática, isso significa mais gente doente do que a capacidade médica e hospitalar suporta e, consequentemente, mais mortes. De forma didática, o secretário de Saúde do Recife fez uma analogia para explicar o que significa esse pico epidemiológico.
“Imaginemos um grupo de pessoas de várias idades e diferentes condições tendo como única alternativa atravessar uma montanha. Não tem outra alternativa. Se essa montanha é muito íngreme, nem todo mundo estará apto a atravessar e vai ficar para trás”, disse Jailson Correia.
“Se você tem uma curva mais suave e mais longa, permite a pessoas, mesmo com mais dificuldades, atravessar essa montanha. O tamanho do período de maior dificuldade pode ser até mais estendido, mas permitirá que mais pessoas consigam atravessar a montanha. Ou pode ser (um pico) avassalador e deixar muita gente para trás”, completou.
O desenho da curva epidêmica, então, depende do comportamento social. Quanto maior o índice de isolamento social, maiores as chances de os pacientes da Covid-19 terem acesso a tratamento hospitalar adequado. No cenário atual, contudo, com níveis de isolamento aquém do indicado, as projeções para o Estado são de maior dificuldade.
"Estamos em franca aceleração, crescendo cerca de 10 a 15% ao dia em número de casos, duplicando os casos a cada semana. Gostaríamos muito de retardar a curva, mas ela está crescendo de forma muito acentuada. Dessa forma, tem a contaminação de mais pessoas e a pressão no sistema de saúde. Isso acelera a chegada do pico, que trará dias duríssimos. A expectativa é disso acontecer nos primeiros 15 dias de maio. Teremos muitos casos, muitas perdas de vidas, historias interrompidas”, afirmou o secretário de Saúde de Pernambuco, André Longo, explicando ainda o tempo médio de duração dessa fase.
"O platô (média constante de casos) que tem se visto em outros países dura algumas semanas, duas, três. Depois segue-se a desaceleração de casos, que também varia em duração, até chegar a uma situação que pode ser chamada de controle. Nossa expectativa, infelizmente, é atingir um pico mais precoce do que gostaríamos diante do cenário que temos visto.”
Ambos, porém, evitam falar em colapso dos sistema de saúde do Estado e do município no momento. "Enquanto houver capacidade de resposta do poder público em gerar mais leitos e aprimorar o sistema para atender pessoas que vão precisar de internação, estamos correndo para tentar alcançar o crescimento da doença. Mas essa capacidade é limitada, finita, e isso nos preocupa”, disse Jailson Correia.
Informações do Portal FolhaPE
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